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Não pode ir

Os Humanos são animais engraçados, por medo da solidão, escolhem viver sozinhos. Parece meio incoerente? Na verdade é tolamente incoerente. Os humanos são animais incoerentes, inseguros, por isso são tão solitários. Nem parece ser um animal social. Alguns não querem que agente fique, mas nem por isso não nos deixam ir. Olhem esse caso e me digam se eu estou errado. [baseado em fatos reais, mas não meus, é claro, ou não]

Não pode ir

Durante o colegial, tinha uma namorada, Celeste, olhos cor de mel cabelos castanhos claro, cacheados, por volta de 155 de altura e 44 quilos. Sim, ela era e continua linda. Meiga e dura ao mesmo tempo, sempre segura de si, sabia o que queria, e corria atrás de seus sonhos.

Eu a conheci do jeito mais estranho possível. Dei uma bolada em seu rosto durante um jogo de vôlei, na hora achei engraçado e comecei a rir, somente depois percebi que ela estava chorando, então fui tentar ajudá-la. Como toda boa ação não fica sem punição, ela me recebeu com um barulhento e doloroso tapa. Talvez pela bolada, ou por ter rido dela, na hora não importava, apenas me lembro que doeu.

Dias depois nos encontramos novamente, desta vez na biblioteca pública, por algum capricho do destino, apenas a mesa dela estava vaga e a assistente do setor pediu para que eu sentasse com ela, depois de alguns minutos sentados juntos fomos convidados a nos retirar, devido ao tumulto que causamos. Simplesmente começamos a discutir, e quase apanhei novamente.

Já do lado de fora, ela estava indignada.

- Você me da azar – Dizia ela, com a cara fechada e mordendo a boca de raiva.

Não pude me conter e comecei a rir. Ria tanto que meus olhos começaram a lacrimejar, Celeste, ao ver eu rir, não resistiu e começou a rir também, parecíamos um casal de loucos.

- Você quer tomar um sorvete? – perguntei, esperando um não.

Mas ela aceitou, e a partir de então nos tornamos amigos. Sua companhia me deixava feliz, apesar de brigarmos o tempo todo. Ela sempre gritava, resmungava e me mordia, ainda assim eu gostava de estar com ela. Só de vê-la eu ficava mais feliz.

Então um dia, em uma brincadeira inocente [hum, sei], de beijar um ao outro com a mão na boca, tirei a mão dela da minha boca e a beijei. Durante alguns segundos ela retribuiu o beijo. Logo que percebeu o que estava acontecendo, ela separou seus lábios do meu, e me deu outro tapa, mas esse nem doeu tanto assim.

Fiquei inconsolável, não podia acreditar que ela havia me batido novamente na frente de todo mundo, e ainda saído assim, sem falar nada. Eu também não conseguia acreditar em como tive a coragem de beijar alguém igual ela, que estava sempre gritando, e brigando comigo.

Alguns minutos depois ela voltou, praticamente todo mundo veio ver o que iria acontecer, esperando eu apanhar de novo, é claro. Ela me olhou profundamente nos olhos, por algum tempo, então subitamente segurou minha cabeça e me beijou e disse:

- Aprendeu? Da próxima vez faça direito.

Então começamos a namorar, fazíamos tudo juntos, e fazíamos muito bem, diga-se de passagem. Até que um dia chegou o fatídico dia de nos formarmos e prestar vestibular e aquelas coisas.

Prestamos vestibular juntos para três universidades diferentes, na verdade eu queria apenas viajar com ela, mas ela estava estudando duro, e sempre me repreendia por eu desperdiçar minha inteligência [ela me achava inteligente] com coisas como vídeo games. Sempre aprendi as coisas mais facilmente que ela, mas ela era muito mais dedicada que eu.

Eu não consegui passar no vestibular para nenhuma das universidades que prestamos naquele ano, mas ela sim, passou para uma universidade que ficava uns 500 KM da cidade em que morávamos, quando saiu o resultado eu comemorei, bem mais que ela, eu não havia percebido que Celeste estava indo para longe de mim, mas ela sim, e ficou meio triste com isso.

Dois meses passaram rápido, e logo chegou o dia dela ir embora, entre choros e abraços falei para ela ir, mesmo querendo que ela ficasse. Mas mesmo assim, mandei ela ir, que iria logo em seguida, era uma questão de tempo passar para o vestibular de lá.

Durante um ano estudei como um condenado, prestei vestibular novamente e não passei, prestei vestibular mais uma vez para lá sem resultado, até que desisti e resolvi prestar por aqui mesmo.

Depois que ela foi embora namoramos ainda por um ano e meio, então resolvemos acabar, porque a distância estava nos consumindo.

Ela sempre vinha visitar sua família, e mesmo sem estarmos namorando, sempre ficávamos juntos. Talvez por isso eu nunca achei uma garota que pudesse [e eu deixasse] me fazer feliz como Celeste fazia.


Algum tempo depois passei no vestibular para UFUlandia, e lá conheci muitas pessoas, mas nenhuma que pudesse substituir Celeste, na verdade tinha uma, mas somente depois de algum tempo pude perceber isso, mas isso fica para alguns parágrafos abaixo.

Alguns anos depois que passei no vestibular Celeste se formou, e arrumou um excelente emprego, agora ela tinha tempo e dinheiro para poder vir com maior freqüência. Mas ela estava um pouco diferente, ela começou a fazer planos, planos para nos dois. Planos que eu não estava preparado para eles.

Então, mesmo ficando arrasado disse para Celeste que não ficaríamos mais. Eu queria seguir com a minha vida, no meu ritmo, com meus planos, e do meu jeito. Sim, eu também me achei um cachorro, mas não podia fazer outra coisa naquele momento.

Na verdade eu ainda não sabia, mas estava gostando de uma amiga minha, Aurora, [já repararam que é sempre uma amiga]. Fiquei com algumas garotas, muitas delas legais, mas estava muito a fim desta amiga minha, e ela sempre soube da existência de Celeste, e eu sempre soube dos casos dela também.

Mas para Celeste era muito difícil deixar eu simplesmente ir assim, então ela me ligava sempre que havia algum problema, e eu sempre atendia, não importava onde ou com quem estivesse, sempre eu ia ver o que Celeste queria, e junto dela esquecia o resto do mundo.
                                 
Mesmo sem nunca ter demonstrado algum interesse além da amizade, comecei a perceber que estava muito apaixonado por Aurora, ela era tipo de pessoa que deixava qualquer um feliz com a sua presença, muito engraçada, inteligente, bondosa, carinhosa, e que sempre precisava ser protegida.

Estava em um grande dilema, ficar com Celeste, e viver o resto da minha vida com a pessoa que por muito tempo foi minha alma gêmea, ou arriscar tudo e seguir meu coração, perder Celeste para sempre, sacrificar minha amizade por Aurora por algo que eu nem sei se é recíproco.

A verdade era que nenhuma delas me ajudava muito nesta escolha. Celeste não queria me perder. Aurora sabia que eu tinha motivos para não ficar com Celeste, mas mesmo assim me incentivada, e permanecia indiferente aos meus sentimentos por ela.

Como se não estivesse complicado o bastante, eis que surge Estrela na história. Estrela era uma garota bonita, esperta e decida a ficar comigo e irmã mais velha de Aurora. Não que eu fosse muito bonito ou rico ou qualquer outra coisa, ela dizia que simplesmente se interessou por mim.

Tudo o que precisava era de simplicidade. Mas sua chegada na história complicou tudo, principalmente com Aurora, que não podia conceber a possibilidade de eu ficar com sua irmã.

Isto estava muito complicado para a minha cabeça descomplicada. Então os meus três anos de cursinho pré-vestibular me valeriam de alguma coisa neste momento. Lembro que meu professor de física falava: “Desmembre e descubra os valores de cada vetor, depois é apenas seguir na direção da soma.” E foi o que fiz.

A primeira foi fácil. Chamei Estrela para sair e conversar um pouco, mas acabamos bebendo além da conta. E como todos sabem, o álcool entra e a verdade sai. Ela simplesmente disse que estava gostando de mim, mas sabia que eu não iria ficar com ela. Mas me pediu para prestar atenção em quem sempre esteve do meu lado e que agora estava sofrendo. Depois passou mal e fomos embora.

Cenas do próximo post:

Aurora briga comigo pela sua irmã;
Celeste da um ultimato;

Aguardem um final emocionante.
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Sobre welingto

Welington Hungria, estudou Direito pela Universidade Federal de Uberlandia, trabalha como Treinador Corporativo Pleno, escreve sobre fantasia, cotidiano, e as vezes algo que realmente importe.
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